Pedro J. Bondaczuk (*)
“Os aniversários (principalmente os meus) sempre me empolgaram. Não adianta os pessimistas virem me dizer que cada novo ano que eu vier a completar devo, na verdade, lamentar, porquanto minhas possibilidades de deixar o mundo pela porta da morte aumentam. Não deixa de ser verdade, claro. Mas precisavam lembrar isso justo hoje?! Por que dar ouvidos a esses chatos, cassandras de mau-agouro, que vêem, em tudo e em todos, apenas o lado negativo? Eles que procurem outro para aborrecer”.
Foi com essas palavras que abri minha crônica de 20 de janeiro passado, quando completei mais um ano de vida. Gosto, de fato, de aniversários. Eles sempre me empolgaram. Ainda mais quando se trata do de um empreendimento que nasceu sob indisfarçável ceticismo (inclusive meu), com muita gente opinando que não iria dar certo. Deu! E como!
É com entusiasmo e, mais do que isso, com incontida euforia, que registro o terceiro aniversário do nosso Literário (com o perdão da rima, que foi involuntária). Tudo isso?! Como o tempo passa! A exclamação surge sincera e espontânea. Parece que foi ainda ontem que o José Paulo Lanyi me falou do projeto, que recebi com reservas (não minto), e que a editora do Comunique-se, Miriam Abreu, me convidou para ser o editor.
Embora não manifestasse abertamente, me assustei com o convite. Contudo, disfarcei, fiz um certo ar blasée, montei uma pose de auto-confiante e aceitei de pronto, sem relutâncias, a convocação (encarei-a dessa forma). Um bom soldado nunca foge à luta Por que não fugi? Por duas razões. A primeira, pelo respeito e carinho que sempre tive pelo Comunique-se, pelo Lanyi e principalmente pela Miriam. O segundo? Bem, o segundo é porque sou atrevido mesmo como ninguém e não costumo correr de desafios. Como bom gaúcho, gosto de “pelear”.
Minha primeira reação, contudo, longe “dos holofotes”, ou seja, das vistas alheias, foi de desânimo, principalmente quando vários ilustres jornalistas, da chamada “grande imprensa”, que haviam se comprometido com o projeto antes desse ser posto em execução, declinaram, na hora agá, do convite oficial. Convidei outros, não menos ilustres, que aceitaram de imediato. “Agora vai!”, exclamei.
Novos obstáculos. Vários dos novos convidados escreveram duas ou três colunas apenas e logo desistiram, pretextando “falta de tempo”. “Será que vai mesmo funcionar?”, perguntei, incrédulo, aos meus botões. E tome novos convites. E o quadro de colunistas foi, outra vez, reformulado. Dos vinte originais, sobraram, até hoje, apenas, quatro “heróis da resistência”: Fábio de Lima, Nei Duclós, Solange Sólon Borges e Urariano Mota. Quatro, convenhamos, que valem por quatrocentos milhões!!
Quando menos esperava, eis que completamos o primeiro ano de existência. Ainda assim, eu continuava cético com o projeto. Cético, mas determinado a não deixar a peteca cair. No segundo ano, novas desistências, novos convites e o Literário, aos poucos, foi se consolidando. Chegamos ao segundo aniversário já bem mais estáveis e minha dúvida inicial, quanto à viabilidade do empreendimento, começou a se dissipar, embora não de todo.
E eis que amanhã completaremos três anos no ar, sem nenhuma falha (a não ser aos sábados, domingos e feriados), sempre com cinco textos inéditos (o que não é para qualquer um). Não conheço nenhum espaço na internet com essa periodicidade e sempre, sempre, com crônicas, contos, poesias etc. novos e originais! Vocês conseguiram, seus danados! O mérito não é meu, logicamente, é dos que escrevem para este espaço.
Devo, sobretudo, reconhecimento aos inúmeros colaboradores espontâneos, que nunca me deixaram na mão, nos momentos mais críticos, quando tudo conspirava para determinar nosso fracasso. E não foram poucos, minha gente. Foram, até a data de amanhã (cuja programação já está fechada), 331 jornalistas e estudantes de jornalismo que nos honraram com sua prestimosa colaboração! É pouco? Claro que não!
Na impossibilidade de citar todos, nominalmente, cito os doze com maior participação e a respectiva quantidade de textos publicados: Eduardo Oliveira Freire (38), Luís Delcides R. Silva (27), Cecília França e Rafael Coelho (26 cada), Samuel Costa e Renan Oliveira (23 cada), Vitor Orlando Gagliardo (22), Sayonara Lino (21), Letícia Nascimento e Eduardo Ritschel (20 cada), Rodrigo Capella (19) e Flávio Tiné (15).
Abraço esses doze “heróis da resistência” e, com isso, espero estar abraçando a todos os 331 ilustres, participativos e dinâmicos colaboradores do Literário. Agradeço, também, aos tantos que se dispuseram a comentar os textos publicados, notadamente à médica Mara Narciso, figura que se tornou querida pelos colunistas pela sua constante, lúcida, pertinente (e sempre bem-vinda) presença em nosso espaço..
Diante desses números todos, e neste momento em que partimos para o nosso quarto ano de existência, meu sentimento em relação ao Literário muda da água para o vinho. Transforma-se do ceticismo inicial em absoluta fé no sucesso do empreendimento. Para mim, agora (parodiando o nome de um famoso programa de TV comandado pelo saudoso J. Silvestre), “o céu passa a ser o limite”.
(*) Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas), com lançamentos previstos para os próximos dois meses. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com
segunda-feira, 30 de março de 2009
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