segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vazio, por Sayonara Lino

Sayonara Lino (*)



Hoje estou sentindo um vazio, daqueles que batem quando insistimos em entender o sentido da vida. Bobagem refletir muito, melhor é viver sem tantos questionamentos, com um tanto de lucidez, mas não em excesso para não destoar dos demais. Este dezembro chuvoso tem sido quase a legitimação da angústia que me cerca vez ou outra, um boicote, esse lado da minha mente que parece invejar minha própria alegria. Estranho, não?

Está tudo tão nublado e alagado, as idéias escureceram um pouco e ando suspirando por um passado que não voltará. Logo eu, que não sou das mais nostálgicas...

Penso no novo ano que se avizinha, os novos desafios, será que agüentarei o rojão? Sim, eu ando guerreira nos últimos tempos, não me entregarei, continuarei com a certeza dos que seguem fortalecidos intimamente.

Hoje acordei tão pálida, ando tão magra e com os fios tão brancos em meio aos fartos cabelos negros! Vi uma ruga de expressão, dei um sorriso de canto em frente ao espelho e ensaiei uma alegria antes de sair para não transmitir aos outros a melancolia que insistia em andar de mãos dadas comigo.

Comprei pão, leite, queijo, ovos, café. Cheguei em casa, tudo estava igual, tudo normal, absurdamente irretocável.

Hoje não vi borboletas, não ouvi gargalhadas, chorei e disse que estava ótima para quem perguntou. “Quem diria que viver ia dar nisso?” É o que indagava Caio Fernando Abreu.

(*) Jornalista