segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Homens complicados, por Ruth Barros

Ruth Barros (*)



Contos da Mula Manca

Vocês sabem aqueles caras que parecem o David Beckam, senão fisicamente, pelo menos em estilo, os chamados metrossexuais? A Mula Manca (MM) está convencida de que esses caras conseguiram complicar ainda mais o já conturbado universo masculino, com reflexos profundos no feminino. Metrossexual, como já foi divulgado por todas as revistas e jornalistas metidos a moderninhos e a entender de tudo, são aqueles sujeitos que têm hábitos mais próximos das peruas e dos gays. Mas diferentemente dessas duas raças, gostam é de mulher – e muito.

O que seria uma solução para as mulheres passa a ser um problema quando o sujeito em questão dispõe, por exemplo, de seis portas de guarda-roupa. Uma fofa de minhas relações arrumou recentemente um cara que tem exatamente isso, seis portas de armário lotadas. “Eu me sinto uma pobre de Jó com minhas duas portinhas”, diz a básica. “Sei que sou elegante e uma das coisas que ele mais gosta em mim é isso, é aquele cara dos detalhes, que sabe apreciar qualquer up grade que você dê, valoriza isso e é ótimo se ver olhada com cuidado, saber que ele está prestando atenção. Mas a relação de quantidade virou de ponta a cabeça, ele tem um guarda-roupa de perua, numericamente falando enquanto eu pareço um homem de negócios, daqueles que não têm muito tempo a perder com frescura”.

Guarda-roupa extenso não chega a ser exatamente encrenca, a própria fofa reconhece, mas as conseqüências disso são complicadas, como ela mesma explica: “É claro que acabo dando risada ao ver tanta coisa junta, tanta variação sobre o mesmo tema, tipo 15 camisas brancas, 10 blazers pretos e por aí vai. Mas o problema é o tempo gasto em escolher as toilletes, o banho, a ginástica e outras cositas mais. Transar com ele é uma delícia, a gente se dá lindamente bem. O que atrapalha é que ele chega invariavelmente atrasado, ou melhor, já está tão escolado que nem marca horário, mas antes das 11, meia noite, é melhor não contar para nada. Nossas noites acabam sempre começando super-tarde e acabando cedo, pois além de tudo ele é do tipo todo ocupado com negócios, mãe doente, enfim, coisas que não tem como adiar. E o simples banho diário leva em média 70, 80 minutos”.

Solução, se existe, ela desconhece: “Não sei, acho que dá pra segurar a onda. Não acredito em mudanças, não espero por elas, a não ser que venham de mim. Posso torcer para que meus dias comecem a ter mais de 24 horas ou que eu tenha paciência de esperar a cada encontro por uma noiva que se arruma para o casamento. Por enquanto está valendo a pena”.

(*) Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro “Os florais perversos de Madame de Sade” (Editora Rocco).

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