segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eu acostumei, por Pollyanna Letícia

Pollyanna Letícia (*)



Eu acostumei a cheirar as flores do vizinho,
e achar que o seu perfume era como os da vitrine da rua sete.
Mas, os da vitrine eram sublimes...
Eu acostumei a não perder tempo com coisas banais,
e achar que assim eu vou está de bem com o relógio.
Mas, o meu tempo era sempre nublado...
Eu acostumei a dispensar a conversa na janela;
a novela das oito;
o passeio com o meu cachorro.
Mas, o meu dia era sempre o mesmo todos os dia...
Eu acostumei a deixar de presentear a minha esposa;
desgostar de surpresas;
de levar a vida mais a sério.
Mas, a minha situação que estava ficando séria...
Eu acostumei a andar rápido mesmo não estando com pressa,
e achar que o tic-tac não anda...Voa!
Mas, o tempo só voa para aqueles que não sabem que ele não volta...
Eu acostumei a não sorrir para as crianças do parque;
a não desejar um ‘bom dia’ na possibilidade de realmente ser bom;
ao dormir não adormecer também os meus problemas.
Mas, os meus problemas teimavam em fazer parte dos meus sonhos...
Eu acostumei por acostumar,
e achar que os meus costumes me faziam bem.
Mas, hoje sou um mal-acostumado em companhia da solidão, do meu cigarro, das minhas fraquezas...
E eu não sei porque que acabo achando que os tempos podiam ser outros,
Mas, ele se perdeu...
Mas, eu o perdi...
Passou e agora volta com novos ares.

(*) Estudante do 8º período de Comunicação Social da Universidade Federal de Tocantins

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