segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sinais (mais uma história de amor), por Vitor Orlando Gagliardo

Vitor Orlando Gagliardo (*)



- Você aceita montar um jornal para nossa Paróquia?
- Claro, padre.
E dessa forma, Marcos aceitou o convite para montar um boletim informativo mensal.

Depois de três anos afastado da religião, começou aos poucos a freqüentar a missa dominical das 10h. O convite do Pe surgiu em um ótimo momento. Foram três semanas de cansativas reuniões para elaborar a parte gráfica e editorial do jornal.

O Pe sempre lembrava da necessidade de atrair os jovens e de manter fiel o público idoso (a maioria).
- No primeiro número vamos falar sobre a Pastoral dos Jovens. Procure a Jaqueline, a coordenadora - disse o Pe.

E assim foi feito. Ao falar com Jaqueline, Marcos se encantou com uma menina que estava ajudando-a. Seu nome era Patrícia. Ela era encantadora. Marcos se culpou por não falar diretamente com Patrícia. Não conseguia tirá-la do pensamento.

O primeiro jornal saiu. A repercussão foi ótima.
- No próximo sábado faremos um retiro de um dia. Seria importante sua presença.
- Estarei lá.

O Padre montou um esquema de carona. Marcos iria com um rapaz chamado Alex que ele jamais tinha visto na Paróquia. No dia combinado, um sábado por volta das oito da manhã, Marcos tem uma surpresa: o tal Alex não poderia mais ir.
- E agora, padre?
- Ele pode ir comigo. Tem vaga no meu carro – disse Solange.

Solange era catequista. Tinha participado de algumas reuniões para a criação do jornal. Para a surpresa de Marcos, Solange era justamente a mãe de Patrícia. Ela passou o retiro inteiro falando da filha. A empatia entre os dois foi imediata. Após um dia inteiro de retiro, quando já estavam chegando em casa, Solange teve de fazer uma pausa inesperada.
- Vou parar lá em casa para pegar minha filha. Ela precisa comprar uma roupa para a faculdade.

E ainda brincou com Marcos.
- Agora que você já sabe onde moro, pode passar aqui a hora que quiser.
- Só se você me convidar para um almoço.
Os dois riram.

Quando Patricia entrou no carro, seu coração acelerou. Depois de um rápido cumprimento, ficaram calados por um minuto. Marcos ficou na porta da Paróquia e as duas seguiram para o shopping.
- Como posso estar apaixonado por que nem conheço direito? – perguntava-se o tempo inteiro.

Chegando em casa, fez uma busca no orkut. Rapidamente encontrou-a na comunidade da Paróquia. Passaram a trocar recados diários. Tornaram-se amigos no MSN. Falavam-se por horas via computador. Marcaram de pegar um cinema domingo à noite. O encontro foi um pouco frio no início, mas a impressão foi boa para todos os lados.

Marcaram um novo encontro para a terça. Marcos estava inseguro. Quando foi conversar francamente sobre o que sentia, simplesmente travou. Deixou Patricia em casa. Não conseguia dormir. No dia seguinte foi tomar uma cerveja com um amigo, Zeca. Falou de Patricia. Não conseguia falar de outro assunto.

Um fato chamou a atenção. Estava acontecendo um aniversário no bar. Os dois logo repararam em uma mulher que andava para todos os lados. Essa mesma mulher começou a rodear a mesa dos dois. Ela dizia apenas gemidos sem nenhum significado. Os dois já estavam se irritando quando de repente, a mulher deu um soco na mesa e olhou fixamente nos olhos de Marcos.
- Very happy, good luck e love.
Assustados, pediram a conta.
- Meu amigo, isso foi um sinal. Convide-a para sair e fale com ela. Os anjos estão do seu lado – disse Zeca.

E assim foi feito. Marcos ligou para a Patricia e combinaram uma saída na sexta. Após alguns minutos de insegurança, Marcos tomou coragem e abriu seu coração. Patrícia respondeu com um beijo longo. Os dois estão juntos há dois meses. Mas parece que se conhecem há anos.

Já há quem fale em casamento. Em um jantar da família, uma tia de Patricia, Laurinda, falou que o casamento dos dois era questão de tempo. Nesse mesmo dia, saíram para dar uma volta e sentaram em um banquinho em uma praça. Em frente, havia uma loja de aluguel e vendas de roupas para casamentos ...

(*) Jornalista

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