quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Pai herói, eu?, por Seu Pedro

Seu Pedro (*)



O Dia dos Pais, para mim, é um dia feliz. Neste ano, no dia nove (sábado), adormeci assim que terminaram as cenas da novela “Pantanal”. Só pretendia acordar na manhã seguinte, às onze horas da manhã, aproveitando o descanso semanal até sentir na cama o cheiro da carne de panela subindo junto ao vapor e o chiado da panela de pressão, perfumando e abrindo o apetite de todos, por todos os cantos da casa. Domingo, sem nenhum convite, sem compromisso, sem que as dispostas e carinhosas filhas, já às 06h30, me acordem para dar-lhes o beijo e bênção, e com elas esperar o ônibus escolar. Faço este ritual, sem queixa, mas no domingo quero descansar.

Pois eu, sonhando com carneirinhos pulando cerca pra dentro do meu quintal, era o mais feliz dos dorminhocos, sonhando com um cobertor de lã. Mas, esquecido que era Dia dos Pais, sou acordado pelas crianças, seguras a uma bandeja com repleto café, por elas organizado, e a cantoria de “Parabéns pra Você...”Olhei o relógio; Eram 06h30. Após sair do jejum, sem escovar os dentes e outros assuntos, agradeci as meninas pela felicidade que deram na manhã de um dia 10 de agosto; data de aniversario de minha querida mãe, se ela ainda estivesse entre nós. Há tempo não a tenho, mas a enxergo em uma das minhas filhas, a reciclagem da família.

Ser pai não é difícil, se houver intenção em sê-lo. Basta que, por algum tempo do dia, se faça de criança também, que seja como um irmão mais velho. Brinque de avô de bonecas, não saiba tudo, deixe que as crianças lhe ensinem alguma coisa, nem que seja ser feliz. Não reclame do que gastou, mas sorria pelos momentos felizes que recebe em cada sorriso. Seja ídolo dos filhos, ao ponto deles sentirem saudades em sua primeira ausência, ao ponto de sonharem que você é um dos super-heróis, destes das histórias infantis.

Assim alegre, lembro e derramo lágrimas emocionadas e felizes pelo que me aconteceu recentemente. A professora de minha filha Sammhyra, criança com sete anos de idade, pediu que ela fizesse um painel de recortes, com estampas de super-heróis. A menina, ao chegar em casa, dirigiu-se a mim e pediu-me uma foto minha. Dei-a. Recortada, a minha fotografia foi colada entre o Super-homem, o Batman e bem ao lado da Mulher Maravilha. Eu era visto ao lado do Homem Invisível. Em contrapartida, não posso esquecer o dia em que, em roda de juizes, promotores, advogados e outros doutores, dirigiram elogios à minha suposta inteligência. Sammhyra olhou para a pessoa que me elogiou e disse: “Meu pai é só meio-inteligente. Eu ensino um monte de coisas pra ele”. Pai não é mais ditador. No muito, é alguém que já viveu mais.

(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, DRT-398/BA, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi Bahia... É jornalista investigativo, escritor, poeta, e adepto do humor. Também conhecido como “Jornalista do Sertão”. seupedro@micks.com.br

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