segunda-feira, 27 de julho de 2009

Um homem vive em mim, por Ilcimar Abreu

Ilcimar Abreu (*)



Lembro de mim pequenininha ainda, meias curtas, vestido bordado, cabelo lisinho, mas já sabia quem era aquele homem que me tomaria pelas mãos – resoluto forte altivo –, simplesmente ele.

Ainda hoje insisto em ler poesias de amor, peças entremeadas de glória e desvario. Me atrai a transgressão, aquilo que expande as sensações, a faceta mais teatral – irreverência.

Passeando pelas ruas ensolaradas, certa manhã, olhei para o céu tantas vezes, tantas vezes me encantei e cheguei a pensar em desistir de amar. Mas temos tantos segredos, facetas de melodrama e de paixão, amálgamas de prata e ouro; nem mesmo conhecemos nosso destino, em que instante seremos felizes ou infelizes...

Preciso dizer neste momento que em torno de mim vive a loucura, que não tolero gestos cotidianos e observo, satisfeita, esvaindo-se de mim a exuberância alheia em direção ao nada. Desejaria esquecer tensões, apertar mãos, abraçar indistintamente a quem passasse diante de mim nas ruas, ter sentimentos infantis, ora.

Cantigas de roda invadem minha mente e, não tem jeito, aquele homem é o centro de tudo, um mistério. És minha melodia, o que me dá cadência, sincopado, alegria: não tem jeito, ele é o centro de mim, um mistério. Simplesmente ele.

(*) Produtora cultural, cursando Letras na Estácio de Sá, Niterói, RJ.

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